Sunday, November 19, 2006

Mr. Cab Driver

Os taxistas de Kuala Lampur são certamente os melhores guias de cultura e história local que existem aqui. Muito simpáticos e atenciosos, gostam de conversar e assim que percebem que você não é europeu ou americano enrugam a testa para perguntar de que país você veio. Bastou dizer que é brasileiro que a resposta é automaticamente retribuída com um sorriso largo, é assim em qualquer lugar e eu ainda me impressiono muito. Depois disso a conversa pode enveredar por um caminho interessante ou simplesmente atolar no baixo nível de inglês do motorista. Em geral todos falam muito bem no entanto há aqueles casos onde eles possuem um vocabulário extremamente limitado mas mesmo assim se esforçam para lhe manter atento ao que estão contando. A língua é considerada um dos idiomas oficiais no país e por a Malásia ser uma ex-colônia britânica ela é ensinado nas escolas desde cedo.

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Taxista esperando por passageiros em China Town

Devido a pluralidade religiosa você sempre encontrará motoristas de diferentes credos até mesmo cristãos (sim, também existem católicos em KL) e todos ele irão lhe falar um pouco de sua vida e sempre ao final da conversa tentarão lhe provar que a religião de cada um é melhor do que as outras.

O painel do carro é sempre enfeitado de acordo com a crença do taxista e alguns levam tão a sério a questão religiosa que com certeza irão querer lhe convencer a comparecer no culto de sua igreja, como aconteceu numa noite dessas quando retornava do supermercado. Ao ver um crucifixo enfeitando o painel do táxi perguntei ao taxista se ele era cristão e à partir daí iniciamos uma longa conversa sobre a relação entre cada religião em KL.

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Templo budista em KL

A primeira coisa que ficou claro foi que as religiões não condizem necessariamente com a origem étnica do fiel, ou seja, não é preciso ser chinês para ser budista nem indiano para ser hindú. Pensava assim porque notei que eles pouco se misturam, é raro ver indianos interagindo com chineses ou vice-versa, o mesmo acontece em relação aos malaios. Imaginava que essa "segregação" se extendesse para o campo religioso mas estava enganado, existem muitos chineses muçulmanos, cristãos e hindus e assim respectivamente. No entanto o taxista frisou que os malaios são majoritariamente muçulmanos.

Ele próprio era um cristão filho de mãe malaia e pai português (nascido em Macau) mas optou por seguir a religião paterna. Suas feições eram malaias e a língua portuguesa já havia se transformado em uma memória embaçada mas mesmo assim ainda conseguia identificar o idioma quando falado por turistas. Ao final de nossa conversa me entregou dois folhetos, um avisava sobre os horários das missas durante a semana e continha passagens da Bíblia e o outro advertia contra os "perigos" de se converter ao islamismo. Álias, a conversão é uma prática também condenada pelos muçulmanos que enxergam nesse ato uma traição mortal a sua fé. Aqui você é livre para seguir qualquer religião contando que não mude para outra.

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Interior dos táxis é quase sempre muito decorado

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