Thursday, February 01, 2007

Thaipusam Festival

Véspera de feriado religioso em Porto Alegre, feriado religioso aqui em Kuala Lumpur. São duas da tarde e acabo de chegar em casa depois de ter passado a manhã inteira fotografando o Thaipusam Festival, a maior celebração hindu da comunidade indiana aqui da Malásia. O festival acontece a 15 km ao norte de Kuala Lumpur, nas Batu Caves, que uma vez por ano vira o palco da procissão.

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Sabia que haveria muita gente por lá mas não tinha noção de quanto. Foi somente quando o trem cruzou a multidão e olhei pelas janelas que eu me dei conta do tamanho da encrenca. Olhando por ambas as janelas laterais do trem a única coisa que se via era um mar de cabeças e braços se agitando, algo assombroso.

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Todo ano um milhão de pessoas aparecem por lá para prestar tributo ao Lord Murugan uma das milhares de entidades divinas da cultura indiana. A data cai sempre no décimo dia do calendário hindú, o que as vezes pode ser fins de janeiro ou início de fevereiro.

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Saindo do trem a primeira coisa que você sente é o cheiro forte de incenso entrando no nariz e marejando os olhos. No caminho para o local aonde iniciam os rituais passamos por uma centena de barbeiros, todos zerando cabeças uma atrás da outra: crianças, velhos, homens e até algumas mulheres.

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Todos estavam ficando carequinhas para, de acordo com a simbologia deles, se livrarem dos pecados. As montanhas de cabelos eram enormes, mas a raspagem não é obrigatório e muita gente prefere deixar o corte pra uma próxima vez.

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As margens do córrego aonde tudo acontece quase não tem espaço pra tanta gente. Há milhares de curiosos e um exército de fotógrafos e cinegrafistas disputando no cotovelo as melhores imagens. Os devotos tomam uma longa ducha fria simbolizando a purificação e depois, vestidos com trajes típicos, eles são chamados um por um e cercados por outros que como eles também serão hipnotizados.

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Depois do que eu vi hoje por lá conclui que pagar promessa no Brasil é mole. Subir aquelas intermináveis escadarias de joelho ou rezar ajoelhado no milho é fichinha perto do que acontece durante essa festa. Os devotos hindus se submetem a rituais um tanto que dolorosos (pelo menos aos nossos olhos) e levam realmente ao extremo a demonstração da fé.

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Já havia assistido a documentários sobre o festival mostrando pessoas com pequenos potes de metal pendurados na pele por ganchos e bochechas transpassadas por lanças mas ver ao vivo uma coisa dessas é uma história bem diferente. Você se contorce todo ao ver aquele pedaço de metal dourado atravessando o rosto de uma pessoa. Não tem como não reagir desse jeito, é doloroso de ver isso acontecendo ali na sua cara. Eles, por outro lado, não dizem um "ai", não gemem, não tremem um músculo e, o mais incrível de tudo, não sangram. Nada, nem uma gota. O estado de hipnose é total.

(O vermelho no rosto em algumas fotos aqui não é sangue e sim um pó que misturado com água vira a tinta usada para pintar a pele)

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Outros preferem cravar ganchos nas costas e puxarem pessoas que vem logo atrás segurando as cordas presas nesses mesmos ganchos. Imagino que alguns deles tomam alguma droga mística ou algo parecido que facilita o transe e ameniza a dor pois muitos tem os olhos esbugalhados de tal forma que parecem saltar do rosto. Eles caminham por cerca de 1km até chegarem ao início dos 272 degraus que levam a entrada das Batu Caves. Sem tomar fôlego eles iniciam a subida para lá em cima rezar e depositar dentro das grutas as oferendas que trazem.

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Infelizmente não tive como acompanhar essa parte. Além de já estar cansado, o sol que até então havia ficado encoberto saiu do meio das nuvens com força total, queimando a moleira e acelerando o processo de putrefação dos mais de um milhão de pares de sovacos que lá estavam. E também, vale frisar, não existe banheiro suficiente na Malásia e em nenhum lugar do mundo pra toda essa gente. O ar em alguns pontos estava completamente podre, amenizado, é verdade, pelo cheiro de incenso. Confesso que em alguns momentos pisei em substâncias que preferi nem olhar pra baixo para ver do que se tratavam. Sabiamente guardei a câmera e peguei o trem de volta para casa para editar meu material e, óbvio, tomar um bom e longo banho.

6 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Fantastic post! I loved reading it. And amazing photos.

1:53 AM  
Anonymous Anonymous said...

E aí? Já fez teu piercing?

7:22 PM  
Anonymous Anonymous said...

Grande Edu!! Vai voltar quando rapá???

11:48 PM  
Anonymous Anonymous said...

Lindas fotos edu!!

Lise

11:53 PM  
Anonymous Anonymous said...

Loucura!! Excelentes imagens!!

Marcelo

2:21 PM  
Anonymous Anonymous said...

Incríveis as imagens! Deve ser fantástico ver isso tudo ao vivo.

11:34 AM  

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