Monday, November 27, 2006

Melaka

Finalmente depois de duas semanas inteiras sem sair de Kuala Lampur a Lú e eu resolvemos colocar o pé na estrada. Viajamos para Melaka na costa oeste da Malásia, a mais ou menos umas duas horas e meia de ônibus. A cidade é a mais antiga do país, tão antiga que os registros encontrados vão só até o século XIV, tempo em que ela ainda era um sultanato.

Melaka foi tomada pelos Portugueses em 1511, em 1642 eles a perderam para os holandeses e estes para os ingleses em 1795, que de lá só saíram em 1957 com a declaração da independência do país em agosto daquele ano. A razão de tanta disputa era porque ali existia um dos portos mais movimentados do sudeste da Ásia, naquele tempo muitas das rotas comerciais passavam por ali. Ficamos somente dois dias mas já deu pra ver bastante coisa. Abaixo vão algumas fotos.

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Inventado no Japão no século XIX, o rickshaw se espalhou rapidamente por todo o continente. Em Melaka, na costa oeste da Malásia, a maioria deles continua nas ruas por causa do turismo.

Photobucket - Video and Image Hosting
Muçulmanos relaxam em frente a mesquita de Kampung Kling. Construída em 1748 ela resistiu a ocupação japonesa durante a Segunda Guerra Mundial e hoje é uma das mais importantes da Malásia.

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket
Malaio posa com sua scooter. O veículo é o principal meio de transporte dos moradores de Melaka.

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Indiano vendedor ambulante de sementes abastece o pequeno mercado em Melaka. Assim como os chineses os indianos marcam presença forte no comércio da cidade.

Photobucket - Video and Image Hosting
Entregador de jornais de Melaka utiliza o principal meio de transporte da região para realizar seu trabalho.

Photobucket - Video and Image Hosting
Malaio se diverte com cobra domesticada

Friday, November 24, 2006

Cenas de rua em KL

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Muçulmanos passam em frente as Petronas Towers em KL. As torres foram construídas durante o "boom" da produção de petróleo nos anos 90 e se tornaram um símbolo do crescimento econômico do país. São consideradas no momento os edifícios mais altos do mundo.

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Photobucket - Video and Image Hosting
É comum ver bancas de jornais controladas por hindús como esta em Chinatown

Photobucket - Video and Image Hosting
Adorno em forma de carranca na porta de um templo budista de China Town serve para afugentar os espíritos ruins

Photobucket - Video and Image Hosting
Malaios abastecendo os restaurantes da região Brickfields em Kuala Lampur

Photobucket - Video and Image Hosting
O rosto do primeiro-ministro Abdulah Badawi pode ser visto em muitos lugares assim como a bandeira nacional

Photobucket - Video and Image Hosting
Músicos animam uma festa de casamento em um condomínio na região de Kampung Kerinchi em Kuala Lampur

Photobucket - Video and Image Hosting
As sextas-feiras quando ocorre a Friday Prayer a movimentação é intensa entre os muçulmanos

Mais imagens em:
http://www.agenciapreview.com/projetos/default.asp

Sunday, November 19, 2006

Mr. Cab Driver

Os taxistas de Kuala Lampur são certamente os melhores guias de cultura e história local que existem aqui. Muito simpáticos e atenciosos, gostam de conversar e assim que percebem que você não é europeu ou americano enrugam a testa para perguntar de que país você veio. Bastou dizer que é brasileiro que a resposta é automaticamente retribuída com um sorriso largo, é assim em qualquer lugar e eu ainda me impressiono muito. Depois disso a conversa pode enveredar por um caminho interessante ou simplesmente atolar no baixo nível de inglês do motorista. Em geral todos falam muito bem no entanto há aqueles casos onde eles possuem um vocabulário extremamente limitado mas mesmo assim se esforçam para lhe manter atento ao que estão contando. A língua é considerada um dos idiomas oficiais no país e por a Malásia ser uma ex-colônia britânica ela é ensinado nas escolas desde cedo.

Photobucket - Video and Image Hosting
Taxista esperando por passageiros em China Town

Devido a pluralidade religiosa você sempre encontrará motoristas de diferentes credos até mesmo cristãos (sim, também existem católicos em KL) e todos ele irão lhe falar um pouco de sua vida e sempre ao final da conversa tentarão lhe provar que a religião de cada um é melhor do que as outras.

O painel do carro é sempre enfeitado de acordo com a crença do taxista e alguns levam tão a sério a questão religiosa que com certeza irão querer lhe convencer a comparecer no culto de sua igreja, como aconteceu numa noite dessas quando retornava do supermercado. Ao ver um crucifixo enfeitando o painel do táxi perguntei ao taxista se ele era cristão e à partir daí iniciamos uma longa conversa sobre a relação entre cada religião em KL.

Photobucket - Video and Image Hosting
Templo budista em KL

A primeira coisa que ficou claro foi que as religiões não condizem necessariamente com a origem étnica do fiel, ou seja, não é preciso ser chinês para ser budista nem indiano para ser hindú. Pensava assim porque notei que eles pouco se misturam, é raro ver indianos interagindo com chineses ou vice-versa, o mesmo acontece em relação aos malaios. Imaginava que essa "segregação" se extendesse para o campo religioso mas estava enganado, existem muitos chineses muçulmanos, cristãos e hindus e assim respectivamente. No entanto o taxista frisou que os malaios são majoritariamente muçulmanos.

Ele próprio era um cristão filho de mãe malaia e pai português (nascido em Macau) mas optou por seguir a religião paterna. Suas feições eram malaias e a língua portuguesa já havia se transformado em uma memória embaçada mas mesmo assim ainda conseguia identificar o idioma quando falado por turistas. Ao final de nossa conversa me entregou dois folhetos, um avisava sobre os horários das missas durante a semana e continha passagens da Bíblia e o outro advertia contra os "perigos" de se converter ao islamismo. Álias, a conversão é uma prática também condenada pelos muçulmanos que enxergam nesse ato uma traição mortal a sua fé. Aqui você é livre para seguir qualquer religião contando que não mude para outra.

Photobucket - Video and Image Hosting
Interior dos táxis é quase sempre muito decorado

Thursday, November 16, 2006

Chineses

Toda grande cidade do mundo tem sua China Town, ou Bairro Chinês como alguns com certeza iram preferir dizer. Com Kuala Lampur não poderia ser diferente. Mesmo não fazendo parte desse digamos, "roteiro" das grandes metrópoles a capital da Malásia possui uma bairro chinês bem grande.

A influência chinesa pode ser vista aqui em todo o lugar pois foram eles majoritariamente que ajudaram a construir esse país. KL (como é chamada por seus habitantes) não passava de uma vila com meia dúzia de casas no início do século XX e hoje é uma cidade com 3 milhões de habitantes.

Photobucket - Video and Image Hosting
Detalhe da cozinha de restaurante chinês em China Town

Quando morava na Inglaterra conheci vários malasios mas por todos possuírem fisionomia oriental sempre imaginei a Malásia como uma nação composta apenas por pessoas de origem chinesa. Foi chegando aqui que descobri que o povo malaio nativo nada tem em comum com os chineses. Eles se parecem mais fisicamente com os indonésios, ou até um pouco com os nossos índios no Brasil, com a pele parda e o rosto arredondado.

A China Town de Kuala Lampur com certeza não deixa nada a desejar com relação as suas outras “irmãs” ao redor do globo. Volta e meia passo algumas horas lá fotografando e observando Jl Petaling, a movimentada rua onde se concentra o Mercado Central. Cortada por ruelas apertadas e apinhadas de gente você encontra de tudo ali: esculturas, pinturas, roupas, comida, sapatos italianos, relógios suíços e tênis de todas as marcas. Tudo de procedência mais do que duvidosa, é claro.

Photobucket - Video and Image Hosting
Idoso malaio de origem chinesa

De todos os produtos com certeza os campeões de vendas são os CDs e DVDs. Os chineses são mestres nessa espécie de falsificação, isso sem falar dos softwares gráficos, eles tem cópias de todos os programas existentes. Na área de música só não achei CD’s de música brasileira mas com certeza se eu tivesse me dedicado um pouco mais na busca acharia algum artista nosso. Os DVDs são os mais procurados, achei todos os títulos imagináveis inclusive aqueles que recém estrearam nos cinemas de Porto Alegre, como “Black Dhalia” ( Dália Negra – imagino que esse deve ser o título em português) ou “Lady in the Water” de M. Night Shymalan.

Quanto a qualidade da imagem você infelizmente só descobre quando chega em casa. Alguns são sofríveis, horrivelmente mal-gravados, em compensação a maioria tem qualidade muito parecida ou até mesmo igual ao original. A diferença nos preços é absurda e faz você pensar seriamente em entrar para o mundo da contravenção: por uma cópia original você irá desembolsar entre U$ 15 a U$ 20 e por esse mesmo valor você compra de cinco a dez filmes piratas. Assim definitivamente não há como competir.

Photobucket - Video and Image Hosting
Templo chinês

O primeiro dia

Chegar na Malásia não é difícil, o problema é enfrentar a longa viagem. Da porta de casa em Porto Alegre até a chegada foram 36 horas. Desembarquei em Kuala Lampur depois de quase 10 horas de espera em Buenos Aires, vinte e duas horas de vôo e três paradas. A hora local marcava 6.30h da manhã de sexta-feira 10 de novembro mas meu organismo ainda está no fuso horário do Brasil de dez horas a menos, ou seja, 8.30h da noite de quinta-feira. Pronto pra uma cerveja.

Photobucket - Video and Image Hosting
Muçulmanas malaias vestindo seu traje típico

Dormir mesmo só consegui durante o trajeto de duas horas entre a Cidade do Cabo e Johanesburgo na África do Sul. Nas oito horas iniciais assisti a uns três filmes e terminei de ler a “Arte da Guerra de Guerra” de Sun Tzu, comprado na feira do livro alguns dias antes. Durante as 10 horas finais tive o prazer de desfrutar de 20 agradáveis minutos de sono, graças a uma meninha chinesa sentada atrás de mim que insistia em ficar chutando a minha poltrona.

Saindo da sala de desembarque já senti de cara que o calor aqui é forte. Estamos um pouco acima da linha do Equador e a temperatura média é de 28 graus o ano inteiro. Para se entender melhor, em relação ao Rio Grande do Sul estamos aonde seria mais ou menos a Colômbia. Não existem estações climáticas e a única diferença com relação aos outros meses é que nessa parte do ano inicia o período das monções, chuvas que caem diariamente à tarde.

Photobucket - Video and Image Hosting
Centro de KL revela uma cidade ocidentalizada

O aeroporto construído inteiramente com vidro e aço passa a impressão de que a Malásia é um país moderno. As dezenas de outdoors e backlights publicitários que decoram a estrada e a rodovia larga e muito bem pavimentada (o asfalto parece um tapete) reforçam mais ainda essa impressão. O trajeto de táxi até o centro de KL dura 45 minutos e no caminho passamos por cinco pedágios, em todos o motorista pagou a quantia de RM 2 (Ringgit Malay), o que equivale a pouco mais de 50 centavos de dólar. De acordo com ele um preço mais do que justo pelas condições de manutenção e trafegabilidade das estradas.

O taxista é um puro exemplo da diversidade cultural presente no país. De origem indiana, ele tem a pele negra e os cabelos lisos e oleosos. Claramente um hindú (exibe a marca vermelha na testa) ele pertence a um grupo imenso de descendentes de imigrantes que ao longo dos últimos 200 anos deixaram a Índia e vieram para Malásia em busca de trabalho e acabaram se tornaram a maior fonte de mão-de-obra no país. Os chineses compõem outro grande grupo. Eles controlam o comércio e tem o controle financeiro do país, mas estariam cedendo parte dele para os indianos que vem ganhando mais espaço nesse setor. Os nativos malaios detêm o poder político.

Photobucket - Video and Image Hosting
Kuala Lampur da janela de casa

Nas ruas e nos cafés se vê muitos estrangeiros, muitos deles são turistas mas a maioria são executivos de empresas multinacionais que residem na cidade. Há também um grande número de estudantes de outras nações muçulmanas. Em Kuala Lampur a diversidade cultural é acompanhada de perto pela religiosa. As vezes é possíver encontrar numa mesma rua mesquitas, templos hindus e budistas.

A arquitetura também chama muito a atenção. Assim como as Petronas Towers (os prédios mais altos do mundo até o momento) todas as outras grande construções do centro da cidade possuem linhas extremamente modernas, confirmando mais ainda que estou visitando um país que parece buscar se modernizar cada vez mais.

Além do ônibus o transporte público é realizado por trens de superfície que deslizam sobre trilhos construídos a seis metros do chão. Me foi dito que esse meio de transporte foi inventado e trazido para cá por um brasileiro. Imagino que ele seja gaúcho, mais precisamente o inventor Oskar Coester*. Ele desenvolveu e criou o Aeromóvel, obra desativada (???) próxima ao Gasômetro em Porto Alegre. A semelhança entre os dois trens é impressionante!

Photobucket - Video and Image Hosting
Bandeira malaia está presente em todos os lugares

Existe um sentimento nacionalista bem forte aqui. Bandeiras da Malásia estão em todo o lugar e em alguns elas se misturam com a foto do primeiro-ministro Abdullah Badawi. Bonito de ver pois me parece que essa devoção quase fanática pelo país dura o ano inteiro e não aparece somente de quatro em quatro anos.

* obrigado pelos nomes Seu Flávio